ATA DA DÉCIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 05.05.1988.

 

 

Aos cinco dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Sexta Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada à entrega do Prêmio de Teatro Qorpo Santo à Professora, Escritora e Teatróloga Olga Garcia Reverbel, concedido através do Projeto de Resolução n.º 21/87 ( proc. n.º 1603/87). Às dezessete horas e trinta e cinco minutos, constatada a existência de “quorum”, a Sr.ª Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a MESA: Ver.ª Gladis Mantelli, 1ª Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; Professora, Escritora e Teatróloga Olga Garcia Reverbel, Homenageada; Sr. Carlos Reverbel, esposo da Homenageada; Prof. Joaquim José Felizardo, Secretário Municipal de Cultura, neste ato representando o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Alceu Collares; Profª. Regina Mutti, Diretora do Colégio Aplicação; Profª. Renita Lourdes Algayer, Vice-Diretora da Faculdade de Educação da UFRGS, representando neste ato, o Diretor Alceu Ferrari; Ver. Flávio Coulon, proponente e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir a Sr.ª Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Aranha Filho, em nome da Bancada do PFL, lembrando o personagem Wladimir, de Samuel Beckett, em “Esperando Godot”, disse que a Profª. Olga Reverbel é a antítese da mesma, pois o otimismo, a esperança e a crença no homem sempre pautaram a sua vida. Ao finalizar, disse que a entrega do Prêmio de Teatro Qorpo Santo à Homenageada, é a justa retribuição desta Casa àquela que dedicou toda uma vida a ensinar a arte de representar e em prol da cultura da nossa Cidade. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, dizendo que a arte de representar é quase inerente ao ser humano, e que de certa forma estamos sempre representando, comentou que a importância dessa homenagem à Profª. Olga Reverbel deve-se justamente ao seu trabalho, a sua preocupação em ensinar e transmitir aos jovens o cultivo desta arte milenar. O Ver. Flávio Coulon, como proponente da Sessão e em nome das Bancadas do PMDB, PDT, PL, PC do B e PDS, declarando ter sido a vida da Profª. Olga Reverbel voltada para o ensino da arte mágica do teatro, salientou o carinho que a ela dedicam todos aqueles que já tiveram a oportunidade de conviver com S.Sa. e leu palavras escritas para a Homenageada por seus alunos do Colégio Aplicação. A seguir, a Sr.ª Presidente convidou os Vereadores Flávio Coulon e Lauro Hagemann a procederem à entrega, respectivamente, do Prêmio de Teatro Qorpo Santo e do Troféu Frade de Pedra. Em continuidade, foi apresentado jogral de autoria do Escritor Luís Fernando Veríssimo, representado por um grupo de alunas do Colégio Aplicação. Após, a Sr.ª Presidente concedeu a palavra a Sr.ª Olga Garcia Reverbel, que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. A seguir, a Sr.ª Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e dezesseis minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Ver.ª Gladis Mantelli e secretariados pelo Ver. Flávio Coulon, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Isaac Ainhorn, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 

A SRA. PRESIDENTE: Declaro aberta a presente Sessão Solene. É praxe desta Casa que os Vereadores das diversas Bancadas falem em nome das suas Bancadas, homenageando a pessoa que recebe o prêmio, no caso do Teatro Qorpo Santo, a nossa querida Profª. Olga Garcia Reverbel. Falarão, em nome da Casa, os Vereadores Aranha Filho, Lauro Hagemann e Flávio Coulon.

Concedemos a palavra ao Ver. Aranha Filho, que falará em nome da Bancada do PFL.

 

O SR. ARANHA FILHO: (Menciona os componentes da Mesa.) Convidados, senhoras e senhores.

Vladimir – “O que vamos fazer?”

Estragon – “Nada. É mais prudente.”

O diálogo é de Samuel Beckett em seu “Esperando Godot”, onde aparece a visão do homem abandonado num mundo vazio, um mundo arrasado, sem contornos. O mundo está vazio e a vida é inútil. Não é assim, a vida e a obra de Olga Reverbel. Pelo contrário, é cheia de ternura, de amor. Pelo teatro, pelo saber, pelo descobrir e pelo transmitir. Se a solidão é o apanágio da obra de Beckett, a de Olga Reverbel é o contrário. Olga nunca esteve só, porque muito criou. E Luiz Carlos Maciel afirma que “por certo nossos rostos ainda trazem os rastros de nosso pasmo. Mas sabemos que o homem é um ser cuja tarefa é criar, só e livre. Essa lucidez comum pode nos aproximar, com verdade, purificados de toda a mentira. Acaba o romantismo e ninguém mais chora. E, sem chorar, ocupado em criar a vida, é mais fácil a cada um suportar a solidão”.

O que vamos fazer? Pergunta Vladimir e recebe como resposta que o mais prudente é nada fazer, é esperar. Pois, falando numa linguagem teatral, paixão primeira e última de Olga Reverbel, ela nunca foi de esperar. Sua vida é plena de criatividade, de trabalho, de muita inspiração, mas de muita transpiração, igualmente. Dona de invejável bagagem cultural – várias vezes bolsista da Sorbonne, com passagem, em 1975, por Londres, no “Teachers Centre”, criadora de cursos e teatros, mestra inteligente e meiga, Olga Reverbel se faz, com justiça, merecedora do troféu Qorpo Santo.

Quando me ensinou, eu chamava, com terna gratidão de tia Olga, tão meiga e tão carinhosa é sua maneira de transmitir saber e conhecimento;

Mas, cara tia Olga, permita afirmar: este seu aluno, hoje trilhando o árduo e complexo caminho da política, aprendeu contigo a lição de sempre associar a liberdade do homem à justiça social. Julgo ser indissociável os dois elementos, que reputo essencial a pessoa humana. Creio que as instituições democráticas se fundam na liberdade. Mas a sua instauração tem que abranger os grupos dirigentes na vida social, mas, sobretudo, na atividade intelectual. É esse homem que desejamos, cara tia Olga, ver implantado no País. E é através de trabalho intelectual sério e, principalmente, livre que se dará fim a propaganda de estilo totalitário que ainda persiste entre nós.

Professora emérita, Olga Reverbel recebeu, sem dúvida, múltiplos e variados tipos de homenagens. Contudo, esta singela demonstração de carinho da Câmara, reflete amplamente todo o amor e a gratidão de uma cidade por alguém que tanto fez por nós ela. A homenagem de Porto Alegre, através de representação mais lídima, que é a Câmara, é conseqüência natural e privilégio daqueles que marcam seu tempo e vivem plenamente a sua vida, incorporando o seu nome à própria história da Cidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann que fala em nome da bancada do PCB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: (Menciona os componentes da Mesa.) Amigos da homenageada, senhoras e senhores. A arte de representar é quase que inerente à criatura humana. Nós todos, de certa forma, representamos, cada um o seu papel, neste vasto teatro que é o mundo.

Esta Casa mesmo, não raras vezes, é palco de cenas teatrais. Às vezes, o enredo não agrada aos espectadores. E a vaia, uma reação natural, é o resultado destas cenas mal representadas. O próprio mundo político vive de representação. Nós estamos assistindo hoje, em nosso País a uma representação que não está agradando à platéia, por isso tantas vaias, tanto descrédito para com aqueles personagens que teimam em representar um enredo que não é o desejado pela maioria da sociedade.

A arte de representar foi sempre cultivada, através dos tempos, uns melhores do que os outros, mais imediatistas, uma representação mais direta. Outros imbuídos de uma espiritualidade maior, de um cultivo intelectual mais profundo, souberam interpretar melhor suas cenas.

Não quero fazer, aqui, um exame sociológico do teatro, mas quero sim dizer que a nossa homenageada dedicou a sua vida, não a representar, mas a ensinar a representar. Autora de obras, professora, ela dedicou sua vida a transmitir principalmente à juventude essa atividade, às vezes lúdica, às vezes trágica da arte do teatro. Esse é o sentido maior da homenagem que a Casa presta à figura de Olga Garcia Reverbel, e hoje é uma ocasião muito especial, pois interrompe suas atividades cênicas para uma homenagem muito carinhosa, muito objetiva desta Casa. Pois, Olga é uma pessoa que vive em nossa sociedade e que muito contribuiu para a nossa juventude, porque o teatro também tem uma função didática e é nesse sentido que cabe ressaltar a obra da Professora Olga Reverbel, no velho e tradicional Instituto de Educação.

Receba, pois, prezada Professora, esse prêmio que foi instituído com um dos maiores nomes da arte teatral do Rio Grande do Sul, ainda tão pouco conhecido, Qorpo Santo, como expressão do nosso reconhecimento. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Flávio Coulon, autor da proposição, que fala em nome das Bancadas do PMDB, PDT, PL, PC do B, PDS e PT.

 

O SR. FLÁVIO COULON: (Menciona os componentes da Mesa.) Minhas senhoras e meus senhores. Talvez, dentre os presentes, quem menos conheça pessoalmente a homenageada é este Vereador, proponente dessa homenagem...

Isso não me impediu de, através de depoimentos de seus amigos, alunos, ex-alunos e colegas, que li ou ouvi ou recolhi ao longo do tempo, chegar à certeza de que existia, morando nesta Cidade, passeando pelas suas ruas, circulando pela universidade e escolas, por teatros, festas, cozinhas, cinemas e lares em geral, um ser superior, uma figura mitológica atualizada que, qual um cometa, derrama e derramou luz, juventude, força, entusiasmo, amor, tudo que é bom, enfim, por onde quer que passa ou passou.

Não só não me impediu essa certeza como a reforçou, na quase neutralidade com que posso ver, destituído das razões do coração, a real dimensão dessa mulher que já completou 50 anos de magistério, quase todo dedicado ao ensino mágico e encantador das coisas do teatro.

E, essa certeza se torna absoluta na tarde-noite de hoje, quando vocês todos aqui estão, em número tão expressivo, para consolidá-la, para reafirmá-la perante Olga Garcia Reverbel e perante a história desta Cidade.

Estimada Professora Olga Garcia Reverbel, querida homenageada.

Bem que eu tentei, sem conseguir superar os trâmites burocráticos, realizar essa homenagem à noite, uma noite clara, luminosa e cheia de estrelas.

E, por quê?

Primeiro, porque sei de tuas preferências pela noite; segundo, porque eu queria deixar todas as estrelas do céu de Porto Alegre mortificadas de ciúmes e inveja no momento em que, recebendo o Prêmio Qorpo Santo que tanto mereces, serás, mais uma vez, a estrela mais linda, mais brilhante e mais acarinhada dos céus e das terras de tua Cidade adotiva, como já tens sido em tantas outras de tua festejada e fecunda vida.

Perguntava-me como homenagear uma estrela dessa grandiosidade que, nos últimos tempos, já ouviu de renomados artistas, poetas e escritores desta Cidade e do País, os cantos de suas glórias? Como homenagear uma colega da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sobre quem, com muito orgulho, só ouvi palavras de carinho e admiração por onde quer que passei: Instituto de Educação, Colégio de Aplicação, Faculdade de Educação, etc. Onde encontrar palavras que, fugindo do convencional, realmente homenageassem?

Fui procurá-las, minhas senhoras e meus senhores, no coração daqueles que, sem dúvida nenhuma, são os grandes amores da vida de Olga Reverbel e que, no idealismo e na pureza de sentimentos de sua idade são os únicos ainda confiáveis em termos de sinceridade: seus jovens alunos.

Assim, Professora Olga, fica aqui a minha homenagem, a homenagem do meu partido, o PMDB, a homenagem de teus alunos e admiradores aqui presentes física e espiritualmente, a homenagem da Cidade de Porto Alegre a uma habitante superior que há mais de 50 anos vive teatro, Cidade que, neste momento, te oferece um modesto mas significativo prêmio por tua obra e tua vida e te reverencia nas palavras daqueles jovens do Colégio de Aplicação, que tanto te amam e que, através do teatro, te deram e de ti receberam, Professora Olga, tantas mil razões para viver e sobreviver.

“A Olga para mim é o símbolo da mulher realizada, é aquilo que todas nós desejamos ser um dia. Bem sucedida e feliz com o que faz, é a grande amiga. O tempo pra ela não passou, continua a mesma, continua jovem, e pode perfeitamente ser considerada uma de nós, ela faz parte da nossa geração”.

Ana Elisabeth

 

“A Olga pra mim é a pura vida, vida que brota do palco, vida entrelaçada em cada gestão, em cada voz, em cada sorriso: teatro.

A arte de falar, de chorar e gritar por muitas bocas, a arte de nos buscar sempre mais gente, sempre mais dor e alegria, de pintar a cara de nós mesmos e enfrentar o pano que se abre. Sempre contigo, Olga...”.

Paula

 

“Olga, a tua presença na minha vida é muito significante. Tu me ensinaste a vencer minha timidez e exteriorizar minhas vontades e pensamentos, através da interpretação de personagens, improvisadas ou não”.

Marcos

 

“Olga, se eu cheguei onde estou devo principalmente a ti. Sabes o que quero dizer. Como eu não pretendo parar por aqui, muito ajudaremos um ao outro ainda. Apesar de não estudarmos mais teatro juntos, sempre terei a ti como “a” professora que tive. Obrigado”.

Fernando

 

“Olga: Love ya! (precisa dizer mais alguma coisa?) Beijos mil”.

Carla

 

“A Olga me ajudou a valorizar e mostrar o meu eu. E isso foi muito importante! Um grande abraço”.

Viviane

“Olga é o sinônimo de estar constantemente brincando de roda com os próprios sorrisos da vida. Nada mais a dizer... Apenas obrigado por me ensinar a desvestir as máscaras do eterno”.

Carlos

 

“Olga, você é um modelo. Não um modelo de perfeição, um estado que raramente é alcançado pelo homem, mas um modelo de ser humano. Pois ser um bom ser humano é a maior coisa que se pode obter.

Você nos mostrou que podemos escrever nosso próprio diálogo, cercar-nos dos atores que escolhermos, pintarmos o cenário e escolhermos a música de fundo. E, se não gostarmos da peça que criamos para nós mesmos, só podemos nos queixar a nós. Mas mesmo aí existe uma opção. Podemos sair de cena e produzir uma nova peça.

Admiro-me por ter trabalhado tantos anos com a nossa turma, pois reconheço que para tal é preciso ter continuamente a sutileza de muitos inteligentes, a flexibilidade de uma criança, a sensibilidade do artista, a compreensão de um filósofo, a aceitação de um santo, a tolerância do dedicado, o conhecimento de um sábio e a coragem de uma pessoa determinada! Obrigada”.

Alessandra

 

“Ser uma flor, um pulo de alegria, uma sacola de entusiasmo e afetividade, um dia de sol, seis anos de incentivo, é ser Olga.

A Olga para mim significa o desvendar de uma nova face da vida, na qual ela me inseriu por completo; o lado do teatro, da expressão artística cheia de energia como ela própria.

Foi ela que me ensinou um teatro que não ficou restrito ao sentido puro da palavra, mas também agiu como parte do meu dia-a-dia, pelo envolvimento e pelo crescimento, que a própria expressão traz.

O difícil agora será retribuir toda essa vida que ela nos deu. Obrigada Olga”.

Tatiana

 

“Para Olga é loucura, sanidade, beleza, amor e paz; é sonho, vida, maravilha, coração, é teatro, movimento, pensamento, argumento, sentimento, é improviso, disposição, ensaio, direção, gênio, adoração. Porém acima de tudo, a Olga é única”.

Tarsila

 

 

Olga: por tudo isso e por tudo o mais que não foi dito ou por falta de tempo ou por falta de oportunidade, mas nunca por falta de amor por ti. Muito obrigado

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Convidamos o autor desta proposição, Ver. Flávio Coulon, a fazer a entrega do Prêmio de Teatro Qorpo Santo à Professora Olga Garcia Reverbel.

(É feita a entrega do prêmio.) (Palmas.)

 

A Câmara Municipal de Porto Alegre também faz a entrega da Escultura Frade de Pedra, para que ela traduza o apreço da população porto-alegrense a todas as pessoas que tenham de uma forma, ou de outra prestado serviços à comunidade da Capital Gaúcha. A escultura de cavalo preso a um frade de pedra, historicamente, traduz a hospitalidade rio-grandense, motivo pelo qual foi escolhido o Frade de Pedra, ou seja, ele é o símbolo da fraternidade, uma vez que representa boas-vindas; é no sentido de resgatar a amizade e, ao mesmo tempo deixar na lembrança das pessoas que o receberem, o carinho e o agradecimento pelo seu tempo e trabalho dedicado a nossa Cidade.

Convidaria o Ver. Lauro Hagemann, Secretário desta Casa, para entregar a Olga Reverbel o nosso troféu Frade de Pedra.

 

(O Vereador procede à entrega do Troféu Frade de Pedra.)

 

A seguir, a apresentação de um grupo de alunos, e ex-alunos, do Colégio de Aplicação, que farão, de um texto de Luís Fernando Veríssimo, um jogral, escrito especialmente para Olga Reverbel.

 

(Apresentação do jogral.) (Palmas.)

 

Concedemos a palavra neste momento, à nossa homenageada, a Professora Olga Reverbel.

 

A SRA. OLGA REVERBEL: Bem, vamos ser formais. A Presidente da Mesa, Ver.ª Mantelli; as minhas queridas diretoras; o Professor Felizardo; o meu querido esposo que me suporta há 46 anos e os Vereadores; os meus amigos; as minhas queridas alunas do Colégio de Aplicação; as minhas colegas; as minhas ex-alunas, a minha chefe e a minha família, que eu vou resumir no Chico, na Leci e na Licinha. Os netos não vieram – estão na aula.

Em primeiro lugar, não vou dizer qual é o meu partido, mas é um desses que falaram. Estou neles. Mas eu gostaria de agradecer a estes três Vereadores atores, ou atores Vereadores, a quem muito admiro porque, no meio deste caos que está o Brasil, eles continuam um pouco representando, mas um pouco falando a verdade, mostrando, denunciando, fazendo tudo para que as coisas melhorem. O Carlos é pessimista: agora, a minha doença é otimismo. Eu acho que vai dar certo, tem que dar certo. Tira o Sarney que a coisa melhora. Quanto às intrigas de Luís Fernando Veríssimo, da minha amizade com o Briza, o Brizola, o pequeno Leonel, não é certo. Nós fomos companheiros de escola no Julinho, de modo que é uma amizade da adolescência, agora, vou que vou – não é? –, entende. Gostaria, especialmente ao Ver. Coulon, que teve a idéia de promover esta homenagem que me dá uma enorme satisfação e muito orgulho. E a Magda, esta linda morena, que teve a santa paciência de, como estou sempre indo e vindo, ir à minha casa pegar a minha papelada que estava toda esparramada no sótão, e não foi fácil – ela foi de uma elegância, de uma carinho enormes. Muito obrigada Magda.

Houve um engano de data. São 53 anos de Magistério e 70 de adolescência. Eu fiquei muito comovida, estou muito emocionada de ter recebido essas palavras tão carinhosas dos meus Vereadores-atores. O Aranha foi meu aluno, era tirano, enorme, de calça curta, bagunceiro, e ele falou no Samuel Beckett e falou naquele papo do Gogô com o Vladimir, quando um deles diz “não vale a pena viver; este mundo, o que é? Nada, nada tem jeito”, realmente, querido, disseste uma verdade: para mim, tudo tem importância, mas tudo! E agora, que eu ganhei esse troféu com esse cavalo, eu pretendo montar todas as Olgas nesse cavalo e sair por aí. Realmente, adorei. Sempre quis ter um cavalo meu, para trotear. Nos meus longos anos de magistério, eu só tive alegrias. Eu tenho muita pena daquelas pessoas que não amam o trabalho. É bom amar o trabalho! Eu acho que a gente encontra a sua própria identidade e descobre valores no trabalho, e todas as pessoas são importantes. E as coisas que os meus alunos do Aplicação disseram, Regina, nós temos que pensar que, afinal de contas, é um bom colégio, vamos fazer um comercial. As palavras, as frases, a maneira como eles escreveram, foi uma coisa muito bonita e muito comovente. Não é muito usual, quando já se tem 70 anos, falar de futuro. Pois, para mim, só o que interessa, pessoal, é o futuro. Eu estou cheia de planos. Agora formamos um grupo de teatro com ex-alunos meus do Aplicação, vamos levar “Os Pequenos Burgueses”, do Gork, e em boa hora, porque os burgueses estão cada vez mais pequenos, temos que dar um jeito. Então, nós vamos levar esta peça.

Outros planos: viajar quando o dólar baixar. Agora, “it’s impossible”. Por falar nessa pequena frase em inglês, estou estudando ferozmente inglês, porque se houver ocupação, eu vou continuar ensinando teatro. E vou também dar umas olhadas no japonês, porque pode ser que a gente precise para fazer teatro, Miriam. A coisa é essa. E, continuar amando o Carlos que, heroicamente suporta as minhas idas e vindas, jogando com os amigos, brincando com os netos, enfim, a palavra de ordem é viver, a palavra de ordem é alegria e navegar, porque é preciso. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Compete à presidência dos trabalhos, ao dar encerramento à Sessão, dirigir algumas palavras. E, que pena, Olga que, hoje, não me sinto tão bem quanto deveria, porque te ouvir e ouvir o que os teus alunos dizem sobre ti, não só é emocionante mas, significa, que esta Casa, realmente, está te fazendo uma homenagem muito pequena por aquilo que tu és. Tu tens derramado amor e alegria por todos os teus 53 anos de Magistério. E isto é muito pouco, te dar um cavalo de pedra é muito pouco; te dar um diploma, também é pouco. Mas é o que esta Casa pode te oferecer, neste momento, e o faz de coração, com amor, e agradece ao Ver. Flávio Coulon pela lembrança para que nós pudéssemos, como instituição, realmente, te homenagear. Nós te pedimos isso: continues sendo o que tu és; não mudes nunca, porque o mundo continua precisando de pessoas otimistas, alegres e que façam as coisas com amor. Muito obrigada.

Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h16min.)

 

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